EM HOMENAGEM AO DIA DE SANTO ANTÔNIO, SINCRETIZADO NO RIO DE JANEIRO COMO PATRONO DOS EXUS, POSTAMOS ESTE ESTUDO REFERENTE AOS NOSSOS AMADOS EXUS E POMBAGIRAS. LAROIÊ EXU! ESPERAMOS QUE CONSIGAM TIRAR ALGUM PROVEITO.
Nas
lendas africanas que originaram os candomblés, Exu é o primeiro filho de
Iemanjá, irmão de Ogun. Este Orixá está presente em todos os locais. Exú é caminho, é energia, é vida, é
determinação, é cumpridor da Lei, Exú é esperto, Exú é guardião, Exú é
trabalho, é alegria veloz, Exú é viver, é a magia, é o encanto, é o fogo, é o
sangue na veia vibrando, Exú é prazer. Entendemos Exu como a energia do
movimento, dos caminhos, da virilidade, do sexo, dos sentidos, da força, do
viver, é a energia guardiã dos templos, casas, lojas; é a energia mais próxima
dos humanos, energia terra-terra, é o senhor dos limites, dos portais, das
fronteiras e, por tanto, é o mensageiro entre os homens e os demais orixás. Pelo
gosto do que é fino, assim como nós humanos, tal como bebidas, bons fumos;
pelos sacrifícios ritualísticos oriundos da mãe África, por estar também no
limite entre o bem e o mal; pelos seus símbolos, tal como o tridente ( que é
também um símbolo presente em várias culturas, como na mitologia grega ) exu é
confundido até hoje com o diabo criado na cultura cristã. A partir daí, muitos
equivocadamente criaram imagens diabólicas para representar os exus, além de
pontos e cantigas. Exu, que também é irreverente, se utiliza dessas cantigas e
das imagens as quais o associaram, espantando os inimigos espirituais,
trevosos, mostrando que estes são menores do que eles. Na doutrina umbandista a energia de exu se
apresenta nos médiuns através dos espíritos falangeiros que trabalham em
diversos planos; são os exus e pombagiras da nossa querida umbanda.
Exus
são espíritos que já encarnaram na terra. Na sua maioria, tiveram vida
difícil como mulheres da vida; boêmios; dançarinas de cabaré, entre
tantos outros perfis de vidas comuns e conturbadas. Estes espíritos optaram por
prosseguir sua evolução espiritual através da prática da caridade,
incorporando nos terreiros de Umbanda. São muito amigos, quando tratados com
respeito e carinho, são desconfiados mas gostam de ser presenteados e sempre
lembrados. Estes espíritos, assim como os Preto-velhos, crianças e
caboclos, são servidores dos Orixás. Apesar das imagens de Exus, fazerem
referência ao "Diabo" medieval (herança do Sincretismo religioso),
eles não devem ser associados a prática do "Mal", pois como são
servidores dos Orixás, todos tem funções específicas e seguem as ordens de seus
"patrões". Dentre várias, duas das principais funções dos Exus
são: a abertura dos caminhos e a proteção de terreiros e médiuns contra
espíritos perturbadores durante a gira ou obrigações.
Desta forma estes espíritos não trabalham somente
durante a "gira de Exus" dando consultas, onde resolvem problemas de
emprego, pessoal, demanda e etc. de seus consulentes. Mas também
durante as outras giras (Caboclos, Preto-velhos, Crianças e Orixás), protegendo
o terreiro e os médiuns, para que a caridade possa ser praticada.
Ele
é o guardião dos caminhos, soldado dos Pretos-velhos e Caboclos, emissário
entre os homens e os Orixás, lutador contra o mal, sempre de frente, sem medo,
sem mandar recado.Verdadeiros cobradores do carma e responsáveis pelos
espíritos humanos caídos representam e são o braço armado e a espada divina do
Criador nas Trevas, combatendo o mal e responsáveis pela estabilidade astral na
escuridão. Senhores do plano negativo atuam dentro de seus mistérios regendo
seus domínios e os caminhos por onde percorre a humanidade. Em seus trabalhos
Exu corta demandas, desfaz trabalhos e feitiços e magia negra, feitos por
espíritos malignos. Ajudam nos descarregos e desobsessões retirando os
espíritos obsessores e os trevosos, e os encaminhando para luz ou para que
possam cumprir suas penas em outros lugares do astral inferior. Seu dia é a
Segunda-feira, seu patrono é Santo Antônio, em cuja data comemorativa tem
também sua comemoração. Sua bebida ritual é a cachaça. Sua roupa, quando lhe é
permitido usá-la tem as cores preta e vermelha, podendo também ser preta e
branca, ou conter outras cores, dependendo da irradiação a qual correspondem.
Completa a vestimenta o uso de cartolas (ou chapéus diversos), capas, véus, e
até mesmo bengalas e punhais em alguns casos.
A roupagem fluídica dos Exus varia de acordo
com o seu grau evolutivo, função, missão e localização. Normalmente, em campos
de batalhas, eles usam o uniforme adequado. Seu aspecto tem sempre a função de
amedrontar e intimidar. Suas emanações vibratórias são pesadas, perturbadoras.
Suas irradiações magnéticas causam sensações mórbidas e de pavor.
É claro que em determinados lugares, eles se
apresentarão de maneira diversa. Em centros espíritas, podem aparecer como
"guardas". Em caravanas espirituais, como lanceiros. Já foi
verificado que alguns se apresentam de maneira fina: com ternos, chapéus, etc.
Eles têm grande capacidade de mudar a aparência, podem surgir como seres
horrendos, animais grotescos, etc.
Às vezes temido, às vezes amado, mas sempre
alegre, honesto e combatente da maldade no mundo, assim é Exú.
Ao contrário do que se pensa, os exus não
são os diabos e espíritos malignos ou imundos que algumas religiões pregam,
tampouco são espíritos endurecidos ou obsessores que um grande número de
espíritas crêem. Os "diabos" ou demônios são seres mitológicos, já
"desvendados" pela doutrina espírita, portanto, não existem.Espíritos
trevosos ou obsessores são espíritos que se encontram desajustados perante a
Lei. Provocam os mais variados distúrbios morais e mentais nas pessoas, desde
pequenas confusões, até as mais duras e tristes obsessões. São espíritos que se
comprazem na prática do mal, apenas por sentirem prazer ou por vinganças,
calcadas no ódio doentio. Aguardam, enfim, que a Lei os "recupere" da
melhor maneira possível (voluntária ou involuntariamente). São conhecidos,
pelos umbandistas, como kiumbas. Vivem no baixo astral, onde as vibrações
energéticas são densas. Este baixo astral é uma enorme "egrégora"
formada pelos maus pensamentos e atitudes dos espíritos encarnados ou
desencarnados. Sentimentos baixos, vãs paixões, ódios, rancores, raivas,
vinganças, sensualidade desenfreada, vícios de toda estirpe, alimentam esta
faixa vibracional e os kiumbas se comprazem nisso, já que se sentem mais
fortalecidos. O baixo astral, mesmo sendo um imenso caos, tem diversas organizações,
fortemente esquematizadas e hierarquizadas. Planos bem elaborados, mentes
prodigiosas, táticas de guerrilhas, precisões cirúrgicas, exércitos bem
aparelhados e treinados, compõe o quadro destas organizações. Muitas delas agem
na plena certeza de cumprirem os desígnios da Lei Divina, onde confundem a Lei
da Ação e Reação com o "olho por olho, dente por dente". Vingam-se
pensando que fazem a coisa certa.
Algumas agem no mal, mesmo sabendo que estão contra a Lei, mas enquanto
a vingança não se consumar, não haverá trégua para os seus
"inimigos". Acham que não plantam o mal, nem que a reação se voltará
mais cedo ou mais tarde.
Cada mal
praticado por um espírito, o leva a cada vez mais para "baixo". As
quedas são freqüentes e provocam mais e mais revoltas.
Alguns espíritos caem tanto que perdem a
consciência humana, transformando-se (ou plasmando) os seus corpos astrais
(perispíritos) em verdadeiras feras, animais, bestas e assim são usados por
outros espíritos como tais. Alguns se transformam em lobos, cães, cobras,
lagartos, aves, etc. Outros espíritos chegam ao cúmulo da queda que perdem as
características humanas, transformando os seus perispíritos em ovóides. Esta
queda provoca além da perda de energias, a perda da consciência; ficando, com
isso subjugados por outros espíritos. Apesar de todo este quadro, pouco
esperançoso, das trevas. Mesmo sabendo que no nosso orbe o mal prevalece sobre
o bem, há também o lado da Luz, da Lei, do Bem. E este lado é ainda mais
organizado que as organizações das trevas. Existem, também, diversas
organizações, com variados trabalhos e ações, mas com um único objetivo de
resgatar das trevas e do mal, os espíritos "caídos". Vemos colônias
espirituais, hospitais no astral, postos avançados da Luz nos Umbrais, caravanas
de tarefeiros, correntes de cura, socorristas, etc., afeitos e afinizados aos
trabalhos dos centros espíritas. Vemos também, outros trabalhadores
espirituais, ligados aos cultos afros. Especificamente, na Umbanda, vemos
através das Sete Linhas, vários Orixás hierarquizados. Existem vários níveis na
hierarquia dos Orixás. Começando pelos mais altos espíritos, que estão próximos
do Criador, até os Orixás Menores ou Planetários (aqueles que são ligados e
responsáveis por cada orbe, pela sua evolução). Os
Exus são os "mensageiros" dos Orixás aqui na Terra. Através deles, os
Orixás podem se manifestar nas trevas. Os
exus são considerados como "policiais” que agem pela Lei, no submundo do
"crime" organizado. As "equipes" de Exus sempre estão
nestas zonas infernais, mas, não vivem nela. Passam a maior parte do tempo
nela, mas, não fazem parte dela. Devido a esta característica, os Exus, são
confundidos com os kiumbas. Videntes os vêem nestes lugares e erroneamente
dizem que eles são de lá.
A maneira dos Exus atuarem, às vezes nos
choca, pois achamos que eles devem ser caridosos, benevolentes, etc. Mas, como
podemos tratar mentes transviadas no mal? Os exus usam as ferramentas que sabem
usar: a força, o medo, as magias, as capturas, etc. Os métodos podem parecer,
para nós, um pouco sem "amor", mas eles sabem como agir quando
necessitam que a Lei chegue às trevas. Eles ajudam aqueles que querem retornar
à Luz, mas não auxiliam aqueles que querem "cair" nas trevas. Quando
a Lei deve ser executada, Eles a executam da melhor maneira possível doa a quem
doer. Os exus, como executores da Lei e do Karma, esgotam os vícios humanos, de
maneira intensiva. Às vezes, um veneno é combatido com o próprio veneno, como
se fosse a picada de uma cobra venenosa. Assim, muitos vícios e desvios, são
combatidos com eles mesmos. Um exemplo, para ilustrar: Uma pessoa quando está desequilibrada no
campo da fé, precisa de um tratamento de choque. Normalmente ela, após muitas
quedas, recorre a uma religião e torna-se fanática, ou seja, ela esgota o seu
desequilíbrio, com outro desequilíbrio: a falta de fé com o fanatismo. Parece
um paradoxo? Sim, parece, mas é extremamente necessário. Outro exemplo é o
vicio as drogas, onde é preciso de algo maior para esgotar este vicio: ou a
prisão, a morte, uma doença, etc. A Lei é sempre justa, às vezes somente um
tratamento de choque remove um espírito do mau caminho. E são os exus que
aplicam o antídoto para os diversos venenos. Os Exus estão ligados de maneira
intensiva com os assuntos terra-a-terra (dinheiro, disputas, sexo, etc.).
Quando a Lei permite, Eles atendem aos diversos pedidos materiais dos
encarnados. Os Exus tem sob o domínio todas as energias livres, contidas em:
sangue, cadáveres, esperma, etc. Por isso, seus campos de atuação são:
cemitérios, matadouros, prostíbulos, boates, necrotérios, etc. Eles lá estão,
porque frenam (bloqueiam) as investidas dos kiumbas e espíritos endurecidos que
se comprazem nos vícios e na matéria. Os kiumbas, seres astutos, conseguem se
manifestar como um Exu, usam até os nomes dos verdadeiros exus, pois um exu de
lei sabe o que é o bem e o que é o mal, num terreiro muito preso às magias
negras e assuntos que nada trazem elevação espiritual. Ao se manifestarem,
pedem inúmeras oferendas, trabalhos, despachos, em troca destes favores fúteis.
Normalmente eles pedem muito sangue, bebidas alcóolicas e fumo.
O sangue utilizado em oferendas em alguns
terreiros, servem de recarga de baterias para os exus. O sangue representa
energia vital, material e também a energia que é capaz de manter vida. Esse
elemento é alvo de muita polêmica dentre os umbandistas, porém os verdadeiros
exus sabem como utilizar a energia do sangue, quando têem pela frente muito
combate espiritual com espíritos presos à energia da Terra, por isso do sangue,
por isso do uso de uma bateria também terra-terra, o fluido da vida. A prática
do sacrifício é antiga na humanidade e na religiosidade, relatada até na
bíblia, quando o homem fazia sacrifícios para Deus, é comum em diversas
culturas de todo o mundo, porém é alvo de crítica por parte dos protestantes
que a associam ao demônio. Não há nada de demoníaco em um sacrifício religioso,
há um intuito nele, diferente de um sacrifício realizado num abatedouro, num
aviário, praticado a todo instante para que nos alimentemos de carne. Porém
tudo que é diferente da maioria em nossa sociedade, choca e é associado ao mal.
Como umbandistas que somos, nossa fé descende também de tribos africanas, onde
esse rito era comum, devemos então sempre estudar, refletir, para que não sejamos
manipulados mentalmente por estes “detentores” da verdade. Contudo, os
sacrifícios são trabalhos muito sérios e devem ser realizados apenas em
extremas necessidades litúrgicas.
O termo Pombo-Gira ou pombagira é corruptela
do termo "Bombogira" que significa em Nagô, Exu. A origem do termo
Pomba-Gira, também é encontrada na história. No passado, ocorreu uma luta entre
a ordem dórica e a ordem iônica. A primeira guardava a tradição e seus puros
conhecimentos. Já a iônica tinha-os totalmente deturpados. O símbolo desta
ordem era uma pomba-vermelha, a pomba de Yona. Como estes contribuíram para a
deturpação da tradição e foi uma ordem formada em sua maioria por mulheres, daí
a associação. Se Exu já é mal interpretado, confundindo-o com o Diabo, quem
dirá a Pomba-Gira? Dizem que Pomba-Gira é uma mulher da rua, uma prostituta.
Que Pomba-Gira é mulher de Sete Exus! As distorções e preconceitos são
características dos seres humanos, quando eles não entendem corretamente algo,
querendo trazer ou materializar conceitos abstratos, distorcendo-os.
Pombo-Gira é um Exu Feminino, na verdade,
dos Sete Exus Chefes de Legião, apenas um Exu é feminino, ou seja, ocorreu uma
inversão destes conceitos, dizendo que a Pombo-gira é mulher de Sete Exus e,
por isso, prostituta. É claro que em alguns casos, podem ocorrer que uma delas,
em alguma encarnação tivesse sido uma prostituta, mas, isso não significa que
as pombo-giras tenham sido todas prostitutas e que assim agem. A função das
pombo-giras, está relacionada à sensualidade. Elas frenam os desvios sexuais
dos seres humanos, direcionam as energias sexuais para a construção e evitam as
destruições.
A sensualidade desenfreada é um dos
"sete pecados capitais" que destroem o homem: a volúpia. Este vicio é
alimentado tanto pelos encarnados, quanto pelos desencarnados, criando um ciclo
ininterrupto, caso as pombo-giras não atuassem neste campo emocional. As
pombo-giras são grandes magas e conhecedoras das fraquezas humanas. São, como
qualquer exu, executoras da Lei e do Karma. Cabe a elas esgotar os vícios
ligados ao sexo. Quando um espírito é extremamente viciado ao sexo, elas, às
vezes, dão a ele "overdoses" de energia sexual, para esgotá-lo de uma
vez por todas.
Elas, ao se manifestarem, carregam em si,
grande energia sensual, não significa que elas sejam desequilibradas, mas sim
que elas recorrem a este expediente para "descarregar" o ambiente
deste tipo de energia negativa, atraindo consigo espíritos maus, viciados em
energia sexual e que muitas vezes estão acompanhando mulheres e homens ali
presentes, disvirtuando-os, levando-os aos caminhos da infidelidade, entre
outros caminhos.
São espíritos alegres e gostam de conversar
sobre a vida. São astutas, pois conhecem a maioria das más intenções. Devemos
conhecer cada vez mais o trabalho dos guardiões, pois eles estão do lado da Lei
e não contra ela. Vamos encará-los de maneira racional e não como
bichos-papões. Eles estão sempre dispostos ao esclarecimento. Através de uma
conversa franca, honesta e respeitosa, podemos aprender muito com eles.
Os Exus são espíritos que, como nós, buscam
a evolução, a elevação, empenhando-se o mais que podem para aplicarem as
diretrizes traçadas pelo Mestre Jesus. É bem verdade que em seu estágio inicial
os Exus ainda têm um comportamento às vezes instável, cabendo aos verdadeiros
umbandistas o dever de não deixar que se desvirtuem de seu avanço espiritual.
Pelo contrário... Os Exus, são os Senhores
Agentes da Justiça Kármica, são quem guardam a cada um de nós e ao terreiro
como um todo (Quem você acha quem são os vigilantes tão mencionados nos livros
de Chico Xavier/ André Luiz?).
Estão acima dos princípios do bem e do mal.
Tem-se que entender que "demônio" vem do grego "demo".
Termo utilizado por Sócrates para definir "espírito" e
"alma". Por sua vez, em função dos valores "do bem e do
mal", pelo fato de vivermos no mundo da forma, precisou-se estereotipar
este "mal". Na realidade, "os demônios" estão dentro de
cada um.
Com relação aos espetáculos, que certas
religiões mostram na televisão, com incorporação de “Exus” que dizem querer
destruir a vida dos encarnados; podem até ocorrer manifestações mediúnicas, mas
com certeza não são os Verdadeiros Exus da Umbanda que
conhecemos. E sim os obsessores, vampirizadores e Kiumbas que usando o nome dos
Exus, que os combatem, tentam marginalizá-los e difamá-los junto ao povo, que
em geral não tem acesso a uma informação completa sobre a natureza dos nossos
irmãos Exus.
"Orai e vigiai" é o lema de todo
médium. Devemos estar atentos não com os vícios alheios, mas com os nossos.
Devemos direcionar as energias desequilibrantes e transformá-las em energias
salutares, em ações benéficas. Resumindo,
EXU NÃO É O DIABO!!!