domingo, 25 de setembro de 2011

Lições de Preto-velho
Autor: José Queid Tufaile





Cenário: reunião mediúnica num Centro Espírita. A reunião na sua fase teórica desenrola-se sob a explanação do Evangelho Segundo o Espiritismo. Os membros da seleta assistência ouvem a lição atentamente. Sobre a mesa, a água a ser fluidificada e o Evangelho aberto na lição nona do capítulo dez: "O Argueiro e a trave no olho".
Dr. Anestor, o dirigente dos trabalhos, tecia as últimas considerações a respeito da lição daquela noite. O ambiente estava impregnado das fortes impressões deixadas pelas palavras do Mestre: "Por que vês tu o argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu?". Findos os esclarecimentos, apagaram-se as luzes principais, para que se desse abertura à comunicação dos Espíritos.
Um dos presentes fez a prece e deu-se início às manifestações mediúnicas. Pequenas mensagens, de consolo e de apoio, foram dadas aos presentes. Quando se abriu o espaço destinado à comunicação das entidades não habituais e para os Espíritos necessitados, ocorreu o inesperado: a médium Letícia, moça de educação esmerada, traços delicados, de quase trinta anos de idade, dez dos quais dedicados à educação da mediunidade, sentiu profundo arrepio percorrendo-lhe o corpo. Nunca, nas suas experiências de intercâmbio, tinha sentido coisa parecida. Tomada por uma sacudidela incontrolável, suspirou profundamente e, de forma instantânea, foi "dominada" por um Espírito. Letícia nunca tinha visto tal coisa: estava consciente, mas seus pensamentos mantinham-se sob o controle da entidade, que tinha completo domínio da sua psiquê.
O dirigente, como sempre fez nos seus vinte e tantos anos de prática espírita, deu-lhe as boas vindas, em nome de Jesus:
- Seja bem vindo, irmão, nesta Casa de Caridade, disse-lhe
Dr. Anestor.
O Espírito respondeu:
"Zi-boa noite, zi-fio. Suncê me dá licença pra eu me aproximá de seus trabaios, fio?".
- Claro, meu companheiro, nosso Centro Espírita está aberto a todos os que desejam progredir, respondeu o diretor dos trabalhos.
Os presentes perceberam que a entidade comunicante era um preto-velho, Espírito que habitualmente comunica-se em terreiros de Umbanda. A entidade comunicante continuou:
"Vós mecê não tem aí uma cachaçinha pra eu bebê, Zi-Fio ?".
- Não, não temos, disse-lhe Dr. Anestor. Você precisa se libertar destes costumes que traz de terreiros, o de beber bebidas alcoólicas. O Espírito precisa evoluir, continuou o dirigente.
"Vós mecê não tem aí um pito? Tô com vontade de pitá um cigarrinho, Zi-fio".
- Ora, irmão, você deve deixar o hábito adquirido nas sessões de Umbanda, se queres progredir. Que benefícios traria isso a você?
O preto-velho respondeu:
"Zi-preto véio gostou muito de suas falas, mas suncê e mais alguns dos que aqui estão, não faz uso do cigarro lá fora, Zi-fio? Suncê mesmo, não toma suas bebidinhas nos fins de sumana? Vós mecê pode me explicá a diferença que tem o seu Espírito que bebe whisky, no fim de sumana, do meu Espírito que quer beber aqui? Ou explicá prá mim, a diferença do cigarrinho que suncê queima na rua, daquele que eu quero pitá aqui dentro?".
O dirigente não pôde explicar, mas ainda tentou arriscar:
- Ora, meu irmão, nós estamos num templo espírita e é preciso respeitar o trabalho de Jesus.
O Espírito do preto-velho retrucou, agora já não mais falando como caipira:
"Caro dirigente, na Escola Espiritual da qual faço parte, temos aprendido que o verdadeiro templo não se constitui nas quatro paredes a que chamais Centro Espírita. Para nós, estudiosos da alma, o verdadeiro templo é o templo do Espírito, e é ele que não deve ser profanado com o uso do álcool e fumo, como vem sendo feito pelos senhores. O exemplo que tens dado à sociedade, perante estranhos e mesmo seus familiares, não tem sido dos melhores. O hábito, mesmo social, de beber e fumar deve ser combatido por todos os que trabalham na Terra em nome do Cristo. A lição do próprio comportamento é que é fundamental na vida de quem quer ensinar".
Houve profundo silêncio diante de argumentos tão seguros. Pouco depois, o Espírito continuou:
"Desculpem a visita que fiz hoje e o tempo que tomei do seu trabalho. Vou-me embora para o lugar de onde vim, mas antes queria deixar a vocês um conselho: que tomassem cuidado com suas obras, pois, como diria Nosso Senhor, tem gente "coando mosquito e engolindo camelo". Cuidado, irmãos, muito cuidado. Deixo a todos um pouco da paz que vem de Deus, com meus sinceros votos de progresso a todos que militam nesta respeitável Seara".
Deu uma sacudida na médium, como nas manifestações de Umbanda, e afastou-se para o mundo invisível. O dirigente ainda quis perguntar-lhe o porquê de falar "daquela forma". Não houve resposta. No ar ficou um profundo silêncio, uma fina sensação de paz e uma importante lição: lição para os confrades meditarem.

sábado, 10 de setembro de 2011

O QUE É CROMOTERAPIA?

       
      Cromoterapia é o tratamento realizado nos corpos físico, emocional, mental e espiritual, utilizando a energia luminosa colorida, para restabelecer o equilíbrio. Esclarecendo, cromoterapia é a prática da utilização das cores na cura de doenças. A Cromoterapia tem como princípio usar as cores para tratar o duplo etérico e os chacras que nele se situam. Quando os chacras funcionam de forma harmoniosa, eles mesmos recuperam a saúde do corpo físico.Vem sendo utilizada pelo homem desde as antigas civilizações, como no Egito antigo, nos templos de luz e cor de Heliópolis, como também na Índia, na Grécia, na China, onde suas aplicações terapêuticas foram comprovadas através da experimentação constante e verificação de resultados. Atualmente há estudos onde se determina qual a cor mais adequada para ambientes de estudo, ou de trabalho, ou hospitais, etc. Duplo etérico é a cópia do corpo físico e localiza-se a mais ou menos 2 cm do corpo físico (é o corpo de interesse da Cromoterapia). Formado de fluido vital, o duplo etérico se decompõe junto com o corpo físico após a morte.
  
      A Cromoterapia é um trabalho que exige equilíbrio e concentração da parte do aplicador e do paciente também precisa concentrar-se para receber e absorver o máximo de energias que lhe são transferidas. Por isso, é importante que antes do início da aplicação seja feita concentração por parte do aplicador e do paciente, elevando seus pensamentos a Deus.
  
Funções das Cores

Azul
É uma das mais importantes; sua ação terapêutica é regeneradora, reajustadora, calmante e analgésica. É também utilizada para eliminação de gases, tanto estomacais quanto intestinais.
Azul índigo
É uma cor utilizada para coagulação, controle de hemorragias, ferimentos e até perda de líquido amniótico. Se juntarmos a esta a cor lilás, agirá como cauterizador.
Verde
Funciona em toda a área do abdômen; dentro de suas múltiplas funções, pode agir também sobre o sistema muscular, artérias, veias e vasos, como energia dilatadora. É usado também nos problemas de infecção óssea (artrite, artrose e osteoporose). É também calmante e equilibrante. Ajuda no crescimento das crianças, restabelece o equilíbrio hormonal na infância; harmoniza os processos físicos e mentais. A cor verde não tem contra-indicação.
É usada para tratamentos localizados. (mão, braço, pernas, pés, coluna, etc.)
Amarela
Usado no tratamento de arteriosclerose. É estimulador das células nervosas do cérebro, usada também para doenças do coração (exceto hipertensão), prisão de ventre e memória fraca. Combinado com o rosa e o azul, serve para eliminar cicatrizes e manchas na pele.
Rosa
Também pode ser usado no tratamento cardíaco, funciona como queimador de gorduras, eliminador de impurezas;
Lilás
Usado em crianças pequenas em alguns casos. Vitaliza todo o sistema nervoso e desintoxica os centros nervosos. Substitui a cor violeta.
Violeta
Estimula e ativa o metabolismo de cálcio que atua na formação hormonal; é usado no tratamento do sistema reprodutor (câncer, inflamações) usado também nos casos de fissuras e traumatismo. Não deve ser usada em pessoas extremamente emotivas.
Vermelha
É uma cor revigorante; é usada em casos de apatia, baixa resistência. Não deve ser usada em pessoas muito idosas, que tenham pressão alta, febre, inflamações, em pessoas violentas, psicóticas ou agitadas.

domingo, 4 de setembro de 2011

CHEGOU SETEMBRO, SALVE A FALANGE DAS CRIANÇAS ESPIRITUAIS!

 
      O mês de setembro sempre chega trazendo a expectativa pela chegada da festa das Crianças, para sacerdotes, médiuns e simpatizantes da Umbanda. A festa das Crianças ou Ibejadas é com certeza uma das mais bonitas do calendário umbandista. Doces, cores, alegrias, crianças, ânimo, harmonia, risos, tudo formando uma corrente de felicidade em nossos corações. Ainda lembro de minha infância, como gostava da chegada do mês de setembro e contava os dias para o dia de Cosme, a cada manhã na escola, quando a professora escrevia a data na lousa. As festas nos terreiros de umbanda e a festa de todas as crianças nas ruas, nas filas de doces marcaram minha infância, fizeram parte da minha construção. Ah como estas imagens me fazem bem! Estas lembranças trazem muita felicidade e saudades.
      Hoje, com o aumento exponencial de evangélicos (protestantes), e, por consequência, do preconceito quanto a rituais pertinentes a umbanda e candomblé, a tradição de distribuição de doces às crianças vem se perdendo cada vez mais. Uma tradição que fez parte da infância de meus pais, de meus avós e de muitos de vocês que estão lendo este artigo. Mas nós umbandistas ainda conservamos nossas festas às crianças, com doces sim e com alegria e cores. E como é bonito ver nos terreiros o sorriso das crianças com as brincadeiras das Beijadas (crianças espirituais da Umbanda), o olhar brilhando quando estão com seus saquinhos de doces nas mãos, a inocência destes seres que são o nosso futuro e muitas das vezes chegam em nossos terreiros desprovidos até do amor de suas famílias. Afinal os valores estão mudando em velocidade máxima...
      A falange das crianças espirituais sob a proteção de Ibeji, os Orixás gêmeos, sincretizados na umbanda como Cosme e Damião, forma a linha de Ibeji ou linha de Ibejadas, cuja cor representativa é o rosa. A linha das crianças espirituais é formada por espíritos puros, inocentes e que geralmente vem sob a roupagem de crianças. Todos trazem a alegria, porém uns trabalham mais com a energia de cura, outros com caminhos, outros com energizações, outros com conversas, outros ainda desfazem feitiços. As crianças do espaço se relacionam diretamente com o Orixá de cabeça de seu médium, seus nomes são nomes infantis como Juliana, Ritinha, Pedrinho, Rosinha, Mariazinha, Joaozinho, Zezinho, Chiquinho, Florzinha, Mariana, entre outros, acompanhados do ponto da natureza onde mais vibra a entidade, da cachoeira, da pedreira, da praia, da mata, das almas, da calunga, do jardim, do rio, da beira do rio, da beira da praia, do oriente, entre outros. A guia ou fio de contas é feito de contas azuis e rosas ou em algumas casas todo colorido. De acordo com a linha de trabalho, cada entidade deste grupo tem suas preferências de ímãs, uns trabalham com pedrinhas, outros com flores, outros com água, outros com ervas; uns gostam de doces; outros de frutas, enfim é uma linha de grande força e que trabalha em diversas causas: físicas, materiais e espirituais.
Oni Ibejada, Salve as Crianças!

A CARTA CIGANA DO MÊS 09 DE 2011


    A CRUZ


      A carta do baralho cigano do mês de setembro, mês 09, é a Cruz. Esta é a carta 36 do baralho (cujo número também totaliza 09) e prenuncia provas que surgem em nossos caminhos, onde precisaremos da proteção espiritual. Mas esta carta indica também que quanto mais complicada for a situação que nos cerca, maior será a vitória, se tivermos proteção e tirarmos proveito das lições. É o momento de reunir forças, não é hora de esmorecer. Esta carta indica a nossa luta, o sacrifício em prol de metas e ideais.
      O símbolo da cruz é a base de todos os símbolos de orientação do ser humano. A cruz é o símbolo da glória eterna, da glória conquistada pelo sacrifício, culminando em uma felicidade extática. Mas esta vitória, representada pela cruz, será sempre resultado de um crescimento espiritual e mental durante um grande sacrifício, um grande momento de provações.
      A cruz como símbolo também religioso nos lembra a necessidade da ligação com a espiritualidade e com os compromissos desta ordem. Nos lembra que nossos objetivos não podem estar calcados apenas em valores materiais. Nos avisa também a não nos deixarmos dominar pelo orgulho oriundo de nossas vitórias. "Em geral o difícil não é vencer, mas sim manter a posição ou a meta alcançada".

José Carlos Mello, dirigente de culto umbandista da IRMANDADE UMBANDISTA LUZ DE ARUANDA.