Ao
chegarmos em um Terreiro de Umbanda o que mais nos chama atenção e é
característico, é o gongá. O gongá não é um simples altar montado para enfeitar
o terreiro. É o altar da umbanda. A maioria dos gongás possuem imagens de
santos católicos, imagens de caboclos, pedras, copos com água, flores, entre
outros elementos variando de acordo com as ordenanças do chefe do terreiro.
Essa mistura de elementos tem toda uma base mágica que muitos não conseguem
enxergar. Nas imagens encontramos símbolos de respeito e pontos de fixação e
concentração, para onde o olhar, o pensamento se dirige e o médium consegue
assim obter concentração para os seus Orixás e se entrega assim ao Deus
criador, Zambi maior. O gongá também representa um pedacinho da natureza divinizado,
nele as forças da natureza estão presentes gerando energia para as sessões. E
estão presentes os quatro elementos básicos da natureza: água, terra, ar e
fogo. Terra, nas pedras, que possuem as vibrações dos locais da natureza de
onde foram retiradas e são consagradas a determinados Orixás, condensando,
“assentando” assim um pouquinho da energia daquela divindade no altar, trazendo
força, destruindo negatividades, trazendo equilíbrio. Água está presente nos
copos, nos vasos de flores, nas quartinhas e é o princípio básico da vida. Sem
água nenhum tipo de ser vivo consegue viver. Foi na água que a vida surgiu. E
este elemento é purificador, purificando o ambiente e “lavando”, dispersando
energias nocivas, refletindo intenções. O fogo, elemento transmutador,
transformador, que modifica os estágios, está presente nas velas, nos incensos,
destrói miasmas negativos, representa luz, afastando espíritos negativos,
acende a fé e as almas dos irmãos presentes, encarnados e desencarnados. O ar,
está presente em toda atmosfera do gongá e também é representado na fumaça dos
incensos, na queima da parafina das velas, eleva nossos pensamentos, gera
liberdade, leveza, encaminha intenções. Enfim, todo o gongá é um campo
vibratório mágico, é um pedacinho da Aruanda no terreiro de umbanda.
Pois bem, o Gongá é
um deste núcleos de força, em atividade constante, agindo como centro atrator,
condensador, escoador, expansor, transformador e alimentador dos mais
diferentes tipos e níveis de energia e magnetismo.E Atrator porque atrai para
si todas as variedades de pensamentos que pairam sobre o terreiro, numa
contínua atividade magneto-atratora de recepção de ondas ou feixes mentais,
quer positivos ou negativos. É Condensador, na medida em que tais ondas ou
feixes mentais vão se aglutinando ao seu redor, num complexo influxo de cargas
positivas e negativas, produto da psicoesfera dos presentes. É Escoador, na
proporção em que, funcionando como verdadeiro fio-terra (pára-raio), comprime
miasmas e cargas magneto-negativas e as descarrega para a Mãe-Terra, num
potente efluxo eletromagnético. É Expansor, pois que, condensando as ondas ou
feixes de pensamentos positivos emanados pelo corpo mediúnico e assistência, os
potencializa e devolve para os presentes, num complexo e eficaz fluxo e refluxo
de eletromagnetismo positivo. É Transformador no sentido de que, em alguns
casos e sob determinados limites, funciona como um reciclador de lixo astral,
condensando-os, depurando-os e os vertendo, já reciclados, ao ambiente de
caridade. É Alimentador, pelo fato de ser um dos pontos do terreiro a receberem
continuamente uma variedade de fluidos astrais, que além de auxiliarem na
sustentação da egrégora da Casa, serão o combustível principal para as
atividades do Gongá (Núcleo de Força).
Não, irmãos umbandistas, o Gongá
não é mero enfeite; tão pouco se constitui num aglomerado de símbolos afixados
de forma aleatória, atendendo a vaidade de uns e o devaneio de outros. Gongá
dentro dos Templos Umbandistas sérios, tem fundamento, tem sua razão de ser,
pois que pautado em bases e diretrizes sólidas, lógicas, racionais, magísticas,
sob a supervisão dos mentores de Aruanda.
Nos terreiros de umbanda, além do gongá há outros
núcleos de energia muito importantes, os quais devemos ter o máximo respeito ao
passar e adentrar. A tronqueira é geralmente a casa do exu responsável por
tomar conta da porta do terreiro, das energias que entram e saem da casa de
umbanda. Muitas vezes a tronqueira está fundida á casa de exu, que é o espaço
determinado a condensar as energias do povo de exu na casa. O cruzeiro das
almas é lugar de prece, oração e trabalho das entidades, lá ocorrem trabalhos
de doutrina, de encaminhamento de espíritos em busca de evolução e tanto exus,
quanto pretos velhos trabalham nessa linha. A casa das almas condensa os
elementos e as energias pertencentes aos nossos amados pretos velhos, é lugar
de oração, de fé, de evolução, de doutrina e de respeito.
O fumo dentro da umbanda
também não é fruto do vício e da vaidade das entidades. A grande maioria delas
nem conheceu o fumo em vida terrena. O fumo serve como defumadores individuais
de cada entidade. Fumos utilizados pelas entidades e defumadores aplicados por
nós, tem princípios parecidos. As ervas utilizadas, antes de serem colhidas,
passam toda sua vida, absorvendo energia do sol, armazenando minerais, matérias
orgânicas, energia lunar, óleos essenciais, entre outras substâncias. A queima
dessas ervas, bem como do tabaco, utilizado nos fumos, liberam energia
acumulada nessas ervas, energias estas que servem para dispersar maus fluidos e
pensamentos, que espantam maus espíritos, que doutrinam espíritos perdidos, que
atraem entidades para o trabalho, enfim, dependerá de que ervas estão sendo
utilizadas no defumador e qual o tipo de fumo da entidade.
A energia condensada e mágica
das ervas também são utilizadas para os mais diversos fins nos banhos de ervas.
Há banhos para todos os fins na umbanda; limpeza, fixação, descarga,
purificação, consagração, equilíbrio, paz, prosperidade, cura, entre tantos
outros fins. Há banhos feitos macerados, outros cozidos, uns podem outros não,
serem aplicados na cabeça. E toda essa magia está baseada nas propriedades de
cada erva, tópico que entraremos em detalhe no estudo de maio. Por enquanto
estamos apenas introduzindo elementos e ritos presentes na umbanda e explanando
sobre o fundamento dos banhos de ervas. E toda magia do banho de ervas, assim
como tudo na umbanda, só vai funcionar se os elementos fé e concentração
estiverem presentes.
O álcool, tem emprego sério na
Umbanda. Quando tomado aos goles, em pequenas quantidades, proporciona uma
excitação cerebral ao médium, liberando-lhe grande quantidade de substâncias
ativadoras cerebrais, acumulada como reserva nos plexos nervosos
(entrelaçamento de muitas ramificações de nervos), a qual é aproveitada pelos
guias, para poderem trabalhar no plano material.Deste modo, quando o médium
ingere pequena quantidade da bebida, suas idéias e pensamentos, brotam com mais
e maior intensidade. É também uma forma em que a entidade se aproveita este
momento para ter maior “liberdade de ação”. Os exus são os que mais fazem uso
da bebida. Isto se ao fato de, estas linhas utilizarem muito de energias
etéricas, extraídas de matéria (alimentos, álcool, etc.), para manipulação de
suas magias, para servirem como “combustível” ou “alimento”, encontrando então,
uma grande fonte desta energia na bebida. Estas linhas estão mais próximas às
vibrações da Terra (faixas vibratórias), onde ainda necessitam destas energias,
retiradas da matéria, para poderem realizar seus trabalhos e magias! O marafo
também é usado para limpar/descarregar pontos de pemba ou pólvora usados em
descarregos. O álcool por sua volatilidade tem ligação com o ar e pode ser
usado para retirar energias negativas do médium. Já o álcool consumido pelo
médium também é dissipado no trabalho, ficando em quantidade reduzida no
organismo. O perigo nestes casos é o animismo, ou seja, o Médium consumir a
bebida em grandes quantidades por conta própria e não na quantidade que o Guia
acha apropriada. Nestes casos, pode ser que o Guia vá embora e deixe o médium
sob os efeitos da bebida que consumiu sem necessidade. Por tanto, orai e vigiai
sempre. Que tomemos sempre cuidado para não ultrapassarmos os limites de nossas
entidades.
Esperamos que com alguns
conceitos e fundamentos definidos e explicados, possamos cada vez mais entender
para dialogarmos, discutirmos, aumentarmos a nossa fé de forma mais embasada e
não permitirmos que irmãos fanáticos de outras religiões nos ataquem de “sem
culturas”, de “demoníacos”, de “servos de satanás”, entre tantas outras
ofensas. José
Carlos Melo – dirigente de culto umbandista.