quarta-feira, 18 de julho de 2012

ENTENDENDO: GONGÁ, FUMO, BEBIDAS, ENTRE OUTROS ELEMENTOS DE UMA CASA DE UMBANDA.


      
      Ao chegarmos em um Terreiro de Umbanda o que mais nos chama atenção e é característico, é o gongá. O gongá não é um simples altar montado para enfeitar o terreiro. É o altar da umbanda. A maioria dos gongás possuem imagens de santos católicos, imagens de caboclos, pedras, copos com água, flores, entre outros elementos variando de acordo com as ordenanças do chefe do terreiro. Essa mistura de elementos tem toda uma base mágica que muitos não conseguem enxergar. Nas imagens encontramos símbolos de respeito e pontos de fixação e concentração, para onde o olhar, o pensamento se dirige e o médium consegue assim obter concentração para os seus Orixás e se entrega assim ao Deus criador, Zambi maior. O gongá também representa um pedacinho da natureza divinizado, nele as forças da natureza estão presentes gerando energia para as sessões. E estão presentes os quatro elementos básicos da natureza: água, terra, ar e fogo. Terra, nas pedras, que possuem as vibrações dos locais da natureza de onde foram retiradas e são consagradas a determinados Orixás, condensando, “assentando” assim um pouquinho da energia daquela divindade no altar, trazendo força, destruindo negatividades, trazendo equilíbrio. Água está presente nos copos, nos vasos de flores, nas quartinhas e é o princípio básico da vida. Sem água nenhum tipo de ser vivo consegue viver. Foi na água que a vida surgiu. E este elemento é purificador, purificando o ambiente e “lavando”, dispersando energias nocivas, refletindo intenções. O fogo, elemento transmutador, transformador, que modifica os estágios, está presente nas velas, nos incensos, destrói miasmas negativos, representa luz, afastando espíritos negativos, acende a fé e as almas dos irmãos presentes, encarnados e desencarnados. O ar, está presente em toda atmosfera do gongá e também é representado na fumaça dos incensos, na queima da parafina das velas, eleva nossos pensamentos, gera liberdade, leveza, encaminha intenções. Enfim, todo o gongá é um campo vibratório mágico, é um pedacinho da Aruanda no terreiro de umbanda.
            Pois bem, o Gongá é um deste núcleos de força, em atividade constante, agindo como centro atrator, condensador, escoador, expansor, transformador e alimentador dos mais diferentes tipos e níveis de energia e magnetismo.E Atrator porque atrai para si todas as variedades de pensamentos que pairam sobre o terreiro, numa contínua atividade magneto-atratora de recepção de ondas ou feixes mentais, quer positivos ou negativos. É Condensador, na medida em que tais ondas ou feixes mentais vão se aglutinando ao seu redor, num complexo influxo de cargas positivas e negativas, produto da psicoesfera dos presentes. É Escoador, na proporção em que, funcionando como verdadeiro fio-terra (pára-raio), comprime miasmas e cargas magneto-negativas e as descarrega para a Mãe-Terra, num potente efluxo eletromagnético. É Expansor, pois que, condensando as ondas ou feixes de pensamentos positivos emanados pelo corpo mediúnico e assistência, os potencializa e devolve para os presentes, num complexo e eficaz fluxo e refluxo de eletromagnetismo positivo. É Transformador no sentido de que, em alguns casos e sob determinados limites, funciona como um reciclador de lixo astral, condensando-os, depurando-os e os vertendo, já reciclados, ao ambiente de caridade. É Alimentador, pelo fato de ser um dos pontos do terreiro a receberem continuamente uma variedade de fluidos astrais, que além de auxiliarem na sustentação da egrégora da Casa, serão o combustível principal para as atividades do Gongá (Núcleo de Força).
Não, irmãos umbandistas, o Gongá não é mero enfeite; tão pouco se constitui num aglomerado de símbolos afixados de forma aleatória, atendendo a vaidade de uns e o devaneio de outros. Gongá dentro dos Templos Umbandistas sérios, tem fundamento, tem sua razão de ser, pois que pautado em bases e diretrizes sólidas, lógicas, racionais, magísticas, sob a supervisão dos mentores de Aruanda.
Nos terreiros de umbanda, além do gongá há outros núcleos de energia muito importantes, os quais devemos ter o máximo respeito ao passar e adentrar. A tronqueira é geralmente a casa do exu responsável por tomar conta da porta do terreiro, das energias que entram e saem da casa de umbanda. Muitas vezes a tronqueira está fundida á casa de exu, que é o espaço determinado a condensar as energias do povo de exu na casa. O cruzeiro das almas é lugar de prece, oração e trabalho das entidades, lá ocorrem trabalhos de doutrina, de encaminhamento de espíritos em busca de evolução e tanto exus, quanto pretos velhos trabalham nessa linha. A casa das almas condensa os elementos e as energias pertencentes aos nossos amados pretos velhos, é lugar de oração, de fé, de evolução, de doutrina e de respeito.
O fumo dentro da umbanda também não é fruto do vício e da vaidade das entidades. A grande maioria delas nem conheceu o fumo em vida terrena. O fumo serve como defumadores individuais de cada entidade. Fumos utilizados pelas entidades e defumadores aplicados por nós, tem princípios parecidos. As ervas utilizadas, antes de serem colhidas, passam toda sua vida, absorvendo energia do sol, armazenando minerais, matérias orgânicas, energia lunar, óleos essenciais, entre outras substâncias. A queima dessas ervas, bem como do tabaco, utilizado nos fumos, liberam energia acumulada nessas ervas, energias estas que servem para dispersar maus fluidos e pensamentos, que espantam maus espíritos, que doutrinam espíritos perdidos, que atraem entidades para o trabalho, enfim, dependerá de que ervas estão sendo utilizadas no defumador e qual o tipo de fumo da entidade.
A energia condensada e mágica das ervas também são utilizadas para os mais diversos fins nos banhos de ervas. Há banhos para todos os fins na umbanda; limpeza, fixação, descarga, purificação, consagração, equilíbrio, paz, prosperidade, cura, entre tantos outros fins. Há banhos feitos macerados, outros cozidos, uns podem outros não, serem aplicados na cabeça. E toda essa magia está baseada nas propriedades de cada erva, tópico que entraremos em detalhe no estudo de maio. Por enquanto estamos apenas introduzindo elementos e ritos presentes na umbanda e explanando sobre o fundamento dos banhos de ervas. E toda magia do banho de ervas, assim como tudo na umbanda, só vai funcionar se os elementos fé e concentração estiverem presentes.
O álcool, tem emprego sério na Umbanda. Quando tomado aos goles, em pequenas quantidades, proporciona uma excitação cerebral ao médium, liberando-lhe grande quantidade de substâncias ativadoras cerebrais, acumulada como reserva nos plexos nervosos (entrelaçamento de muitas ramificações de nervos), a qual é aproveitada pelos guias, para poderem trabalhar no plano material.Deste modo, quando o médium ingere pequena quantidade da bebida, suas idéias e pensamentos, brotam com mais e maior intensidade. É também uma forma em que a entidade se aproveita este momento para ter maior “liberdade de ação”. Os exus são os que mais fazem uso da bebida. Isto se ao fato de, estas linhas utilizarem muito de energias etéricas, extraídas de matéria (alimentos, álcool, etc.), para manipulação de suas magias, para servirem como “combustível” ou “alimento”, encontrando então, uma grande fonte desta energia na bebida. Estas linhas estão mais próximas às vibrações da Terra (faixas vibratórias), onde ainda necessitam destas energias, retiradas da matéria, para poderem realizar seus trabalhos e magias! O marafo também é usado para limpar/descarregar pontos de pemba ou pólvora usados em descarregos. O álcool por sua volatilidade tem ligação com o ar e pode ser usado para retirar energias negativas do médium. Já o álcool consumido pelo médium também é dissipado no trabalho, ficando em quantidade reduzida no organismo. O perigo nestes casos é o animismo, ou seja, o Médium consumir a bebida em grandes quantidades por conta própria e não na quantidade que o Guia acha apropriada. Nestes casos, pode ser que o Guia vá embora e deixe o médium sob os efeitos da bebida que consumiu sem necessidade. Por tanto, orai e vigiai sempre. Que tomemos sempre cuidado para não ultrapassarmos os limites de nossas entidades.
Esperamos que com alguns conceitos e fundamentos definidos e explicados, possamos cada vez mais entender para dialogarmos, discutirmos, aumentarmos a nossa fé de forma mais embasada e não permitirmos que irmãos fanáticos de outras religiões nos ataquem de “sem culturas”, de “demoníacos”, de “servos de satanás”, entre tantas outras ofensas.                                                                                                                                                                                                                                                                                                      José Carlos Melo – dirigente de culto umbandista.

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