domingo, 10 de julho de 2011

UMBANDA E SEXUALIDADE

O sexo, ato divino responsável pela procriação, pelo prazer, pela encarnação do amor, é algo polêmico no que diz respeito à religiosidade. Algumas religiões consideram algo sujo, impuro, pagão. É hábito dos mulçumanos, por exemplo, retirar o clitóris das mulheres; na igreja católica os padres e madres fazem voto de castidade; em alguns seguimentos evangélicos o corpo não pode ser explorado, tendo a mulher uma roupa apropriada para o ato sexual e dentro da umbanda e
candomblé é comum a expressão ‘corpo sujo’. Mas afinal fazer sexo é sujar o corpo? Por que é importante o resguardo, o preceito de sexo para uma sessão e para determinadas obrigações?


            Fazer sexo não é sujar o corpo, fazer sexo é conhecer o próprio corpo e o corpo alheio, é obter prazer carnal mesclando sentimentos, aumentando laços com quem se pratica. Faz parte da nossa natureza, assim Deus nos criou. Enquanto matéria possuímos desejos sexuais, basta observarmos a natureza, os animais. Porém é óbvio que o mau uso desta energia, energia sexual, pode nos aproximar de espíritos inferiores e nos causar muitos transtornos espirituais. O mau uso se dará a partir do momento em que o sexo for objeto de interesses maiores, distantes dos laços positivos, quando essa energia é usada para destruição ao invés da construção, como profissão, exagerado e/ou sem limites, neste caso a pessoa pode estar sendo vítima de obsessão ou atrairá obsessores viciados e presos à energia sexual até ela.

Mas se o sexo tem toda essa energia positiva, por que ele é proibido antes de trabalhos mediúnicos na umbanda e obrigações? Simples; o sexo traz um gasto de energia física, que poderia ser utilizada pelas entidades em trabalhos sérios, o sexo também traz uma troca de energia com quem se pratica, dessa forma, essa mistura de energia pode ser negativa para um trabalho espiritual, além do sexo nos deixar muito próximos da matéria e longe das energias espirituais por estarmos presos ao prazer do corpo. Dessa forma é regra em algumas casas da religião, o preceito de sexo 24 h antes de uma sessão e após obrigações. O preceito vai de acordo com o tipo delas e também varia de casa para casa. O preceito após obrigações se dá pelo motivo de que neste período as energias boas que estão sendo recebidas pelo espírito e pelo corpo precisam de um certo tempo para serem assentadas, para que os nossos chackras possam ser limpos e revitalizados. A energia sexual nesses casos poderia interromper esse processo, por ser intensa e ligada ao corpo.

Da mesma forma restringimos o uso de carne animal antes de trabalhos e depois de obrigações, para que o corpo esteja o mais ‘leve’ possível. Sabemos bem, que carnes vermelhas demoram a serem digeridas. Muito de nossa energia é gasta nesse processo. É importante ressaltar de que a umbanda não é uma religião ligada à bíblia, enxergamos a bíblia como um livro importante sim, mas devemos estar atentos de que muito escrito nela foi escrito por homens, como nós e é comum quando escrevemos, impor idéias e visões nossas, que muitas das vezes não são as de Deus, certo?! Logo nem a umbanda e nem o candomblé vêem como aberração e pecaminosos relações e relacionamentos sexuais, de quaisquer natureza, hetero ou homossexuais, desde que o respeito e o bom senso imperem. Deus está dentro de nós e a cabeça e a mente de cada um é capaz de julgar o que é certo ou errado; o Divino fala conosco através de nossa consciência. 

Uma observação importante é que cada casa tem seu dirigente e mentor espiritual, por tanto, não é estranho que cada tenda umbandista tenha suas regras e opiniões particulares. 


José Carlos Mello, dirigente de culto
umbandista.

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